Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira
(19) a quinta reunião no ano para avaliar os principais indicadores
macroeconômicos, no Brasil e no exterior, e definir sobre a necessidade de mais
um ajuste na taxa básica de juros (Selic) para reforçar o combate às pressões
inflacionárias.
A reunião do colegiado de diretores do Banco Central (BC) é realizada em duas
etapas: hoje e amanhã (20), sempre no final da tarde. Uma possível alteração da
Selic atual, de 12,25% ao ano, só será conhecida, portanto, na noite desta
quarta-feira. Os
analistas financeiros apostam em aumento para 12,50% ao ano, ao contrário de
empresários e trabalhadores que reivindicam redução da taxa.
Pesquisa do BC, feita na última sexta-feira (15), com uma centena de
analistas do mercado financeiro, aponta para mais uma elevação da taxa, a
exemplo do que aconteceu em todas as reuniões do Copom neste ano. Economistas de
outras áreas ressaltam, no entanto, que o combate à inflação com mais juros não
tem sido tecnicamente eficaz, além de onerar os investimentos empresariais e
reduz a oferta de empregos.
Esse é o entendimento do consultor econômico Antoninho Marmo Trevisan, membro
do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) – órgão de
assessoramento da Presidência da República – e da organização não governamental
Movimento Brasil Competitivo (MBC). Ele acrescenta que o aumento da Selic também
torna o crédito ao consumo mais caro e agrava a dívida pública.
Em consequência, segundo ele, a estratégia de combater a inflação com mais
juros “pode aprofundar a queda do nível de atividade e gerar efeitos colaterais
negativos”. Ele cita a intensificação do processo de valorização do real em
relação ao dólar e o aumento das despesas do governo com juros, que foram de R$
195 bilhões em 2010 e devem chegar a R$ 210 bilhões neste ano, de acordo com
suas estimativas.
Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Edição: Juliana Andrade
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