Uma pesquisa publicada no periódico Science, da
sexta-feira 20/01/12, mostra a inovação tecnológica de um grupo de cientistas do Bio
Architecture Lab (BAL), Califórnia, que criou microrganismos capazes de
transformar algas em biocombustíveis.
“As espécies naturais de algas marinhas crescem
muito rápido – dez vezes mais do que plantas normais – e são cheias de açúcares,
mas tem sido muito difícil fabricar etanol por meio da fermentação
convencional”, comentou Yannick Lerat, diretor científico do Centro de Estudos e
Valorização das Algas na França.
Por esta razão, os cientistas da Califórnia
desenvolveram um micróbio que extrai de forma mais eficiente os açúcares das
algas e os converte em combustíveis ou elementos químicos renováveis.
“Cerca de 60% da biomassa seca das algas é
açúcar, e mais da metade está bloqueado em um único açúcar, o alginato”,
explicou Daniel Trunfo, CEO do BAL. “Nossos cientistas desenvolveram uma forma
de metabolismo do alginato, permitindo a liberação de todos os açúcares, o que
torna as macroalgas uma matéria-prima alternativa e econômica para a produção de
combustíveis renováveis e químicos.”
Os pesquisadores defendem que além do alto
conteúdo de açúcares, a vantagem do uso das algas é que elas não contêm lignina
(como outros tipos de biomassa), não exigem terras férteis e nem água potável
para crescer.
A descoberta do BAL, detalhada no artigo An
Engineered Microbial Platform for Direct Biofuel Production from Brown
Macroalgae está na capa de sexta-feira (20) da revista Science.
Trunfo estima que se 3% das águas costeiras ao
redor do mundo fossem utilizadas para cultivo de algas, cerca de 60 bilhões de
galões de etanol poderiam ser produzidos.
Atualmente, existem fazendas de algas marinhas em
várias partes do mundo, sendo que o BAL opera quatro no Chile, com “grande
sucesso” em cultivos “economicamente viáveis”.
Porém, alguns obstáculos ainda devem tornar a
entrada da tecnologia no mercado mais difícil. O cultivo de organismos
geneticamente modificados é uma atividade um tanto carregada de controvérsias e
dificilmente aceito em países europeus e por grande parte da sociedade em
geral.
Além disso, um relatório da consultoria holandesa
Ecofys (2008) demonstra que os custos dos produtos energéticos resultantes da
biomassa marinha ainda são altos, muito superiores aos combustíveis fósseis e à
bioenergia tradicional (cultivos agrícolas).
Algumas técnicas produtivas já estão em
andamento, mas é preciso mais pesquisas, experiências práticas e avanços em
direção ao uso comercial para determinar quais são as melhores soluções para o
cultivo, colheita e conversão dos produtos energéticos da biomassa aquática,
conclui o Ecofys, completando que só assim poderão ser esclarecidos seus reais
impactos ambientais, econômicos e sociais.
Em um cenário futuro, elaborado no relatório The
Energy Report: 100% Renewable Energy by 2050 pela Ecofys e WWF, o cultivo em
larga escala de algas aparece como uma fonte viável de energia apenas em torno
de 2030 e uma fração do seu potencial está incluída em 2050.
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