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domingo, 12 de fevereiro de 2012

INOVAÇÃO PROMETE ACELERAR USO DE ALGAS PARA BIOCOMBUSTÍVEL



Uma pesquisa publicada no periódico Science, da sexta-feira 20/01/12, mostra a inovação tecnológica de um grupo de cientistas do Bio Architecture Lab (BAL), Califórnia, que criou microrganismos capazes de transformar algas em biocombustíveis.


“As espécies naturais de algas marinhas crescem muito rápido – dez vezes mais do que plantas normais – e são cheias de açúcares, mas tem sido muito difícil fabricar etanol por meio da fermentação convencional”, comentou Yannick Lerat, diretor científico do Centro de Estudos e Valorização das Algas na França.

Por esta razão, os cientistas da Califórnia desenvolveram um micróbio que extrai de forma mais eficiente os açúcares das algas e os converte em combustíveis ou elementos químicos renováveis.

“Cerca de 60% da biomassa seca das algas é açúcar, e mais da metade está bloqueado em um único açúcar, o alginato”, explicou Daniel Trunfo, CEO do BAL. “Nossos cientistas desenvolveram uma forma de metabolismo do alginato, permitindo a liberação de todos os açúcares, o que torna as macroalgas uma matéria-prima alternativa e econômica para a produção de combustíveis renováveis e químicos.”

Os pesquisadores defendem que além do alto conteúdo de açúcares, a vantagem do uso das algas é que elas não contêm lignina (como outros tipos de biomassa), não exigem terras férteis e nem água potável para crescer.

A descoberta do BAL, detalhada no artigo An Engineered Microbial Platform for Direct Biofuel Production from Brown Macroalgae está na capa de sexta-feira (20) da revista Science.

Trunfo estima que se 3% das águas costeiras ao redor do mundo fossem utilizadas para cultivo de algas, cerca de 60 bilhões de galões de etanol poderiam ser produzidos.

Atualmente, existem fazendas de algas marinhas em várias partes do mundo, sendo que o BAL opera quatro no Chile, com “grande sucesso” em cultivos “economicamente viáveis”.

Porém, alguns obstáculos ainda devem tornar a entrada da tecnologia no mercado mais difícil. O cultivo de organismos geneticamente modificados é uma atividade um tanto carregada de controvérsias e dificilmente aceito em países europeus e por grande parte da sociedade em geral.

Além disso, um relatório da consultoria holandesa Ecofys (2008) demonstra que os custos dos produtos energéticos resultantes da biomassa marinha ainda são altos, muito superiores aos combustíveis fósseis e à bioenergia tradicional (cultivos agrícolas).

Algumas técnicas produtivas já estão em andamento, mas é preciso mais pesquisas, experiências práticas e avanços em direção ao uso comercial para determinar quais são as melhores soluções para o cultivo, colheita e conversão dos produtos energéticos da biomassa aquática, conclui o Ecofys, completando que só assim poderão ser esclarecidos seus reais impactos ambientais, econômicos e sociais.

Em um cenário futuro, elaborado no relatório The Energy Report: 100% Renewable Energy by 2050 pela Ecofys e WWF, o cultivo em larga escala de algas aparece como uma fonte viável de energia apenas em torno de 2030 e uma fração do seu potencial está incluída em 2050.



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