Foto: Cleumio Pinto |
Brasília – Com a proximidade do fim das férias, as papelarias já estão cheias
de pais com listas de material escolar em mãos e muita dúvida na hora de comprar
os itens que serão utilizados neste ano letivo. Algumas exigências não podem ser
feitas pelas escolas, mas continuam sendo incluídas entre os pedidos. O
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta os consumidores sobre
as práticas consideradas abusivas, como determinar em qual estabelecimento deve
ser feita a compra ou pedir produtos de marcas específicas.
“Dizer onde os pais devem comprar os materiais é uma prática equivalente à
venda casada. Não pode haver indicação específica quando um produto está
disponível em diversos estabelecimentos comerciais. O direito de escolha do
consumidor precisa ser preservado”, explica Mariana Ferraz, advogada do Idec.
Segundo ela, o local onde a compra deverá ser feita só poder ser determinado
pela escola quando se trata de um produto que não está disponível em outras
lojas, como apostilas que são produzidas pelo colégio.
Na lista de material dos filhos da digitadora Áurea Elias Carneiro, de 36
anos, a escola incluiu sugestões de papelarias e indicações de marcas
específicas dos itens a serem comprados, o que ela considera um abuso. “Acho
abusiva porque escola particular pede muita coisa. Alguns itens vêm até com a
recomendação da marca”, disse. Segundo a advogada do Idec, os produtos devem ser
indicados de forma genérica, sem citar marcas específicas.
De acordo com o instituto, as escolas também não podem pedir materiais de uso
coletivo, como produtos de limpeza. “Os itens solicitados devem ser aqueles que
o estudante vai usar individualmente para o estudo em si. Os outros dizem
respeito à prestação de serviço daquele estabelecimento e a escola precisa
garantir”, alerta Mariana. No caso de escolas públicas, produtos como papel
higiênico ou copos descartáveis podem ser solicitados como uma contribuição, mas
não como obrigatórios.
Para a bancária Ângela Rezende, de 51 anos, a relação de material apresentada
pelas escolas é exagerada. Ela tem dúvidas de que todos os itens serão utilizado
no decorrer do ano.“Eu acho que exagera um pouco. Pedem muita coisa e no fim do
ano não retorna um pedaço de papel. É muita cartolina. Imagina se cada criança
leva uma resma de papel, é muito. Deve sobrar bastante, né?”, disse.
A representante do Idec dá outras dicas para os pais economizarem na hora da
compra. A primeira é revisar os materiais do ano anterior para ver quais podem
ser reutilizados, assim evita-se a compra de itens desnecessários. Também não é
recomendado ir às papelarias junto com as crianças, porque elas vão querer os
produtos mais caros, como cadernos de personagens de desenhos, seriados ou
filmes que têm um custo extra por serem licenciados.
“A criança é movida pelo impulso e o que é mais bonito pode encarecer a
conta. O material mais barato não precisa ser chato. Os pais podem propor
atividade lúdicas para fazer capas e personalizar os cadernos. Além de
interessante é uma oportunidade para uma conversa sobre o consumo consciente
porque isso começa na compra do material”, aconselha Mariana.
As famílias também podem procurar livros didáticos em sebos ou entrar em
contato com outros pais da mesma escola que podem ter as obras em bom estado
para serem reutilizadas. Outra sugestão para quem quer economizar é fazer um
levantamento dos preços em várias lojas antes de fechar a compra. A dentista
Luciana Turco, de 42 anos, fez pesquisa de preço antes de comprar os materiais
dos filhos. “Fiz orçamento em duas papelarias. A lista está boa, não exigiu
marcas específicas, nem material de limpeza”, disse.
FONTE:
AGÊNCIA BRASIL
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