Brasília – O Sistema Único de Saúde (SUS) tem quatro vezes menos médicos que
a rede privada. Para cada mil usuários de planos de saúde, existem 7,6 postos de
trabalho ocupados por médicos, enquanto no SUS a taxa cai para 1,95 posto
preenchido para cada mil pacientes da rede pública.
No Brasil, os usuários de planos de saúde dispõem de 3,9 vezes mais médicos
que os pacientes da rede pública, considerando a população atendida pelo SUS de
quase 145 milhões de brasileiros e a atendida pelas operadoras, superior a 46
milhões de clientes. Os dados são da pesquisa Demografia Médica no Brasil,
divulgada hoje (30) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
O número de médicos na rede particular fica acima da média nacional no
Centro-Oeste, Nordeste e Sul – 10,3, 9,6 e 9,5 para mil usuários,
respectivamente. No entanto, somente a Região Sudeste tem razão de médicos
superior à taxa nacional na rede pública. Todas as outras regiões estão abaixo
da média nacional nesse quesito.
A pesquisa destaca uma distorção gritante na Bahia, onde o índice chega a
1,25 médico na rede pública por mil pessoas dependentes do SUS, enquanto os
usuários de planos de saúde no estado têm à disposição 15,14 médicos. No estado,
89% da população têm acesso somente à rede pública. O levantamento não avalia se
o contraste se reflete em melhor qualidade e acesso à assistência médica no
país. Porém, aponta que a tendência é a concentração de profissionais prestando
serviços para as operadoras de saúde, já que o setor oferece mais vagas de
emprego.
“[A diferença] pode estar contribuindo para escassez de serviços públicos. Se
não invertermos a equação, iremos aumentar ainda mais a desigualdade de médicos
no [setor] público e privado”, disse Mário Scheffer, coordenador da pesquisa e
professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
As taxas foram calculadas com base nos postos de trabalhos ocupados por
médicos em hospitais privados que atendem por operadoras de planos de saúde e os
postos ocupados por profissionais em estabelecimentos financiados pelo governo,
como instituições públicas, hospitais filantrópicos ou serviços particulares
conveniados. Não foram contabilizados consultórios médicos particulares.
Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina
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