ISertão em rede é um exemplo do rápido avanço da Internet no Interior. Em um ônibus todo equipado com computadores, jovens têm acesso ao mundo virtual (Foto: Alex Pimentel)
Quixadá. O acesso livre à rede mundial de computadores, ou simplesmente web, está se tornando mais rápido quando comparada com os meios de comunicação tecnológica convencionais no Interior do Estado. Enquanto ainda são muitos os lugares com precária estrutura de acesso ao outro lado da linha, a inclusão digital avança em gigabytes Caatinga adentro. O Sertão em Rede, a Garagem Digital e a interação virtual são exemplos desse contraste de superação digital no Sertão Central do Ceará.Apesar do atraso nas telecomunicações, o telecentro móvel do Sertão em Rede é um exemplo de criatividade e sucesso pelos recantos de Quixadá. Iniciado em setembro do ano passado, o projeto se consolida levando acesso à Internet e formação básica em computação aos bairros e distritos do município. O suporte a mais de 1,5 mil moradores de baixa renda assegura ao Centro de Desenvolvimento do Trabalho Integrado ao Social (CDTIS) a continuidade da parceria com o Instituto Oi Futuro.
Além da manutenção do serviço de inclusão digital, o Sertão em Rede também está atuando na implantação de ilhas digitais nas comunidades rurais por onde está passando. De acordo com o coordenador do programa, Ítalo Beethoven, o processo se concretizará em duas etapas. Este ano os mini-telecentros chegarão a cinco distritos. No ano seguinte mais oito serão contemplados. Os investimentos são de R$ 200 mil, por intermédio do projeto Oi Futuro, e mais R$ 60 mil do Governo do Estado. A conexão surge via satélite.
Em Quixeramobim, o Garagem Digital, um laboratório de experimentação de tecnologias de inclusão digital é outro exemplo. Viabiliza o acesso de jovens de comunidades carentes ao mundo virtual. Nos últimos meses 120 deles passaram a se familiarizar com o mais interessante invento tecnológico dos últimos tempos: a internet e seus meios. Assim como no Telecentro Comunitário de Quixadá, logo dominam a máquina e exploram seus recursos. Esta familiarização está causando uma curiosa tendência virtual. Portais de relacionamento se expandem vertiginosamente.
Segundo a diretora do Telecentro de Quixadá, professora Oscalina Queiroz, praticamente todos os alunos possuem orkuts ou blogs, ou seja, são protagonistas do meio virtual. Inaugurado em fevereiro de 2007, o projeto capacita pelo menos 30 alunos a cada curso. Mais de 500 já aprenderam os segredos básicos da informática. Não há quem resista em participar das redes sociais filiadas a algum provedor ou aos serviços de publicação na Internet como o Blogger.
COMPROMISSO E QUALIDADE
Informação requer responsabilidade
Quixadá. Recentemente, blogs e sites de notícias de Quixadá veicularam na web uma das tragédias registrada na cidade. Eram de um pára-quedista. Seu corpo ficou mutilado em razão da queda livre a mais de 10 mil pés. Não bastasse o desencontro de informações e a dor da família, fotos chocantes foram acostadas nos portais alimentados por internautas ocasionais e profissionais da mídia virtual. A informação causou curiosidade e repugno.
Em minutos perceberam a força e o poder da mídia virtual. O radialista Gomes Silveira foi um deles. Sentiu na pele o impacto da divulgação. Recebeu notas de repúdio de pára-quedistas de várias partes do País pela divulgação no seu portal, Central de Notícias.
Nos e-mails, exigiam a retirada do material das páginas eletrônicas. O conteúdo foi excluído, mas as reclamações continuaram. Ele reconhece o recorde de acesso à sua página, mas confessa que não queria daquela forma. Um exemplo de que informação online ganha rápidas proporções, por não haver limite de distância.
A opinião do especialista
ISMAR CAPISTRANO C. FILHO
*Educação pela web
A Internet se constitui como um espaço que possibilita o resgate do debate público onde todos podem expor suas idéias, opiniões e julgamentos e ter acesso a diferentes pontos de vista. Mas para isso realizar-se, é necessário superarmos a exclusão digital gerada pelas dificuldades de acesso e pela falta de competência cultural. Para publicar conteúdo na web, é preciso leitura, educação formal e não formal, capacidade de refletir sobre a realidade, propensão ao diálogo e respeito aos diferentes. Infelizmente, nossos internautas carecem dessas condições. O que vemos são ou internautas acomodados que só acessam Orkut e messenger ou internautas que reproduzem conteúdo que vêem na grande mídia. Vejo que as iniciativas pró-ativas de publicação pelos internautas podem ser um primeiro passo para formarmos esses produtores. A democratização da Internet é uma luta pela capacitação e pela formação para a cidadania.
* Mestre em Comunicação pela UFPE e professor de Jornalismo da Fa7, Fanor e UFC.Alex Pimentel
Colaborador
Mais informações:
Programa de Inclusão Digital Sertão em Rede (88) 3414.3864Garagem Digital (88) 3444.4517
FONTE: DIARIO DO NORTESTE
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