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terça-feira, 16 de junho de 2009

LIDERES DOS BRICS SE REUNEM NA RÚSSIA

Encontro entre líderes dos BRICs está previsto para durar apenas quatro horas

Os líderes dos quatro países que formam os BRICs (sigla criada em 2001 pelo banco de investimentos Goldman Sachs para se referir a Brasil, Rússia, Índia e China) estão reunidos, nesta terça-feira para sua primeira cúpula presidencial em Ecaterimburgo, cidade na região dos Montes Urais, na parte asiática da Rússia.
No encontro, previsto para durar apenas quatro horas, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, o chinês, Hu Jintao, o russo, Dmitri Medvedev, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh discutem temas relacionados à crise econômica global, a reforma das instituições financeiras internacionais, o papel do G20, mudanças climáticas e questões de segurança alimentar e energética.
"É totalmente realista e provável que os BRICs desempenhem um papel crescente no cenário internacional", disse o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à BBC Brasil. A possível institucionalização dos BRICs também será discutida no encontro.
"Se o G7 quiser continuar tendo encontros fechados porque estão acostumados a se ver, porque são ricos ou porque tem semelhanças culturais, tudo bem por mim, mas isso não pode determinar o curso da economia global", afirmou. "Se existe um grupo que pode fazer diferença para o mundo como um todo é o G20, que engloba o G7, os BRICs e outros emergentes", acrescentou.
Tarefa árdua
A tarefa de convencer as economias ricas a aceitar os emergentes no centro das decisões globais promete ser árdua, na opinião da maioria dos analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Liam Hallian, economista-chefe da consultoria Prosperity Capital Management, é um deles. Ele defende que as economias ricas reconheçam o mais rapidamente possível o papel que deve ser desempenhado pelos emergentes.
"O problema é que o G7 já se mostrou espetacularmente incapaz de reconhecer como o mundo mudou. É loucura excluir esses paises. Representa uma enorme ignorância histórica", disse.
"Se não quiserem brincar com eles, os emergentes vão pegar seus brinquedos e procurar outro playground. Quem tem mais a perder são os países ricos", acrescentou referindo-se a indicadores como o volume de reservas nas mãos desses países e ao crescente mercado consumidor emergente, que deve representar a principal fonte de aumento da demanda na economia mundial nos próximos anos.
A reunião dos BRIC termina nesta terça-feira às 19h45 (horário local, 10h45 hora de Brasília).
Verdadeira estrela
A união dos quatro países com o selo BRICs levanta críticas e elogios em medida semelhante.
Entre as críticas, está o fato de o termo unir países tão distintos no que muitos classificam como um "conceito de marketing" criado por um banco.
Outros apontam que o BRIC é um grupo artificial e desigual em que a verdadeira estrela é a China.
Atualmente, a economia chinesa é do tamanho das outras três juntas e essa distância tende a aumentar.
"Ainda que a China seja superior em alguns aspectos, não está interessada em criar um G2 com os Estados Unidos, de fazer parte de um grupo elitista", disse Xu Bin, professor de Economia e Finanças da International Business School, em Xangai.
As diferenças, no entanto, não devem impedir que o grupo consolide uma agenda consensual, ainda que modesta, mas suficiente para projetar para o mundo o objetivo comum de "reequilibrar e democratizar a ordem internacional", nas palavras da Presidência brasileira.
A cúpula ocorre na cidade onde o último czar russo foi executado, em 1918, em meio a uma reunião da Organização para a Cooperação de Xangai (SCO, em inglês), um grupo criado em 2001 e que reúne os líderes da China, da Rússia e de quatro países da Ásia central (Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Quirguistão).


FONTE: BBC BRASIL

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