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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ESTUDO DO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA DA AMAZÔNIA (INPA) DESCOBRE ALTERAÇÕES NO GENOMA DO BOTO-VERMELHO

boto-vermelho
Foto: Divulgação Projeto Boto
Uma pesquisa realizada pelos laboratórios de Genética Animal (LGA) e de Mamíferos Aquáticos (LMA), ambos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), conseguiu identificar que estão ocorrendo modificações no genoma do boto-vermelho (Inia geoffrensis) no tocante às sequências de DNA (ácido desoxirribonucleico). Contudo, os pesquisadores ainda não sabem se as alterações são normais ou causadas por poluição ambiental, uma das hipóteses levantadas.
Os resultados da pesquisa fazem parte da dissertação de mestrado ‘Citogenética clássica e molecular do boto-vermelho Inia geoffrensis’, elaborada por Heide Luz Bonifácio, sob a orientação da pesquisadora Eliana Feldberg.
O trabalho foi concluído em 2011 e contou com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), além da Petrobras Ambiental, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) e a Associação Amigos do peixe-boi (Ampa).
Os pesquisadores coletaram amostras de 27 indivíduos, sendo 14 fêmeas e 13 machos distribuídos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá (RDSM), próximo a Tefé (distante 523 km a oeste de Manaus), no município de São Gabriel da Cachoeira (distante 852 km da capital), Aruanã (GO), Rio Branco (AC) e nas proximidades de Manaus.
A pesquisadora explicou que o boto-vermelho é uma espécie do topo da cadeia alimentar e, por isso, pode acumular componentes tóxicos em seu organismo. Ela disse que estudos já indicaram a presença de mercúrio e DDT (sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano – um tipo de pesticida) em amostras de sangue e de tecido desta espécie.
“É de suma importância entender como o genoma está organizado. Posteriormente, poderemos verificar como estes componentes químicos estão alterando ou não o genoma. Os dados também são importantes para a conservação da espécie”, alertou.
Espécie rara
Entre as duas espécies de golfinhos de rio da Amazônia, segundo Bonifácio, o boto-vermelho é a mais próxima aos ancestrais dos cetáceos, que  constituem uma ordem de animais marinhos, porém, pertencentes à classe dos mamíferos. Isto significa que entender como o genoma está organizado possibilita compreender a evolução do animal, uma vez que as informações genéticas são compartilhadas com os ancestrais deles.
“Baseado em análises moleculares e morfológicas, o boto-vermelho é considerado uma espécie relíquia, ou seja, rara. Além disso, a pesquisa permitiu perceber como o genoma de uma espécie está organizado e também quais foram os rearranjos cromossômicos que ocorreram durante a evolução”, explicou.
Conforme Bonifácio, os resultados indicam que os cetáceos não apresentam uniformidade cariotípica (que representa o número total de cromossomos de uma célula somática do corpo). Estudos futuros devem revelar se as alterações são resultantes de modificações do ambiente natural do golfinho.

Luís Mansueto – Agência FAPEAM

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