Pages

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A ERA DO LIXO. "ELE ESTÁ VISCERALMENTE ASSOCIADO AO ATUAL MODO DE VIDA"




A humanidade está movimentando cerca de 48 bilhões de toneladas de materiais por ano, mas, desse valor, “30 bilhões viram lixo”, informa Maurício Waldman à IHU On-Line. Na era do consumo descartável, as classes “abastadas” geram cerca de 1,5 a 2,0 kg/hab/dia de resíduos, enquanto entre os mais pobres o grau de resíduos despenca para 0,3 kg/hab/dia. Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, o pesquisador esclarece que esses dados demonstram que as “estatísticas mascaram contrastes sociais ao diluírem o volume total de lixo gerado dividindo-o pelo conjunto da população”.
Para reverter a produção excessiva de lixo, Waldman enfatiza a necessidade de “rever os processos produtivos, que se pautam pela descartabilidade premeditada dos produtos, que precocemente se tornam obsoletos”. E compara: “Em 1997, a vida útil de um computador era em média seis anos. Mas, hoje em dia, a validade desses equipamentos foi abreviada para apenas dois”.
Autor do livro Lixo: Cenários e Desafios (Cortez, 2011), ele também comenta o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que está em consulta pública no site do Ministério do Meio Ambiente após permanecer 19 anos no Congresso. Entre as críticas, Waldman faz referência às brechas para o avanço da incineração do lixo no país. “Alemanha, Bélgica, Suécia, Irlanda, Países Baixos e os Estados Unidos certamente possuem incineradores. Mas nesses países os índices de reciclagem são respectivamente 48%, 35%, 35%, 32%, 32% e 31%. Devemos salientar que a última porcentagem refere-se aos Estados Unidos, considerado campeão mundial de desperdício. Entretanto, como se sabe, patinamos em míseros 13%! Como então propor queimar lixo quando temos tanto o que avançar na recuperação dos materiais descartados?”, questiona.
Maurício Waldman é graduado em Ciências Sociais, mestre em Antropologia Social e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese Água e Metrópole: Limites e Expectativas do Tempo (2006). Cursou o pós-doutorado no Instituto de Geociências da Universidade de Campinas (Unicamp). Foi professor da Unicamp e atualmente é colaborador no site Geografia e Cartografia (Geocarto) e do Centro de Estudos Africanos da USP (CEA-USP).
FONTE:
 *Publicado originalmente no site IHU On-Line.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...