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domingo, 9 de janeiro de 2011

PARA ALÉM DO MEL: ABELHAS PODEM SER O CAMINHO PARA A CURA DA ARTRITE

No futuro, colmeias podem fornecer um tratamento seguro e eficiente contra doenças reumatológicas
Foto:  Stock Photos, Divulgação


A crença nas propriedades curativas de substâncias extraídas da flora e da fauna, arraigada no Brasil, nem sempre é confirmada pelos estudos científicos. Em muitos casos, não passa de superstição. Um estudo da médica Izabella Saad Rached, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), no entanto, revela que crendices e terapias tradicionais às vezes têm base sólida e podem resultar em ganhos para a ciência e a saúde humana.
Intrigada com a crença disseminada de que veneno de abelha é um santo remédio contra doenças reumatológicas, Izabella foi para o laboratório e concluiu que a sabedoria popular está com a razão.
— Os resultados do tratamento de artrite com veneno de abelha, em nossa pesquisa, foram surpreendentes. Mas ainda se trata de um modelo experimental, em animais — conta a médica.
Segundo ela, há probabilidades fortes de que se obtenha das colmeias, no futuro, um tratamento seguro e eficiente contra doenças reumatológicas. Há ainda muito o que aprender antes de alcançar esse objetivo. Apesar dos resultados iniciais promissores, Izabella adverte para o risco de anafilaxia em seres humanos (alergia ao veneno de abelha) e lembra que ainda é cedo para fazer prescrições.
—A possibilidade de uso indiscriminado do veneno nos deixa preocupados. Não recomendamos a ingestão de qualquer que seja o medicamento ou substância sem prescrição médica ou sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária — alerta.
A pesquisadora descobriu que o veneno da abelha provoca uma resposta inflamatória que inibe outra resposta inflamatória — no caso, a artrite. O principal achado da pesquisa foi constatar, a partir de testes em coelhos, que o veneno da abelha estimula a produção do hormônio glicocorticoide, que atenua a inflamação provocada pela artrite quando está presente em nível elevado na corrente sanguínea.
— A inflamação causada pelo veneno de abelha aumentou o nível do glicocorticoide endógeno (produzido pelo próprio corpo) e fez com que a artrite perdesse força. Isso mostra que o veneno de abelha pode servir como tratamento preventivo contra a doença — diz a médica da USP.
Segundo a pesquisadora, a descoberta de que uma inflamação é capaz de amenizar outra mais grave abriu as portas para uma compreensão mais clara do mecanismo do veneno quando interage com o glicocorticoide.

O veneno

O veneno de abelha é transparente e tem odor de mel acentuado. O sabor, contudo, é amargo. Vem sendo estudado como substância de uso terapêutico para doenças reumatológicas e outras infecções desde a década de 1950. A Rússia e a antiga Tchecoslováquia são reconhecidamente os países que mais avançaram nas pesquisas. Já se sabe, por exemplo, que o veneno de abelha é uma das substâncias antibióticas e bactericidas mais ativas da natureza, entre outras propriedades medicinais.

Como foi estudo

— Em vez de inocular, subcutaneamente, o veneno de abelha (apitoxina) em animais com artrite, para tentar curar a doença, a pesquisadora testou o veneno como uma forma de prevenção.
— Ela aplicou o veneno em um coelho sadio e, depois, induziu a artrite.
— A doença não se manifestou, porque a apitoxina estimulou a produção de um hormônio, o glicocorticoide, que agiu como um anti-inflamatório e barrou o aparecimento dos sintomas.
— A diminuição da dor provocada pela artrite está associada a esse hormônio, que é liberado em situações de estresse, e aumenta para diminuir as inflamações.

O que é anafilaxia

— Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica, severa e rápida a uma determinada substância, chamada alergênico ou alérgeno.
— Essa manifestação é caracterizada pela diminuição da pressão arterial, por taquicardia e por distúrbios gerais da circulação sanguínea. A reação anafilática pode ser provocada por quantidades minúsculas da substância alergênica.
— O tipo mais grave de anafilaxia — o choque anafilático — termina geralmente em morte, caso não seja tratado. Os sintomas são urticária, desmaio, hipotensão, estresse respiratório e coma.

FONTE:
www.clicrbs.com.br 

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