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domingo, 14 de novembro de 2010

GOVERNO BRASILEIRO RECEBE "COM SATISFAÇÃO" LIBERTAÇÃO DE ATIVISTA

Militantes tiram fotos de Suu Kyi em frente à casa dela durante seu pronunciamento. (13/11)
Reuters

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota neste sábado (13) informando que o governo brasileiro recebeu "com satisfação" a notícia da libertação da líder opositora de Mianmar Aung San Suu Kyi, símbolo da dissidência à junta militar.
O governo disse ainda esperar que o país caminhe na direção da democracia.
"O Governo brasileiro recebeu com satisfação a notícia da libertação, em Myanmar, hoje, 13 de novembro, da Senhora Aung San Suu Kyi. O Governo brasileiro reitera a expectativa de que esse gesto e as recentes eleições realizadas em Myanmar venham a impulsionar as reformas com vistas ao estabelecimento de instituições democráticas no país", diz nota publicada no site do ministério.
Pouco depois de ter sido libertada da prisão domiciliar, a ativista conclamou o país à unidade. "Há uma hora para ficar em silêncio e uma hora de falar. As pessoas devem trabalhar em unidade. Só assim atingiremos nosso objetivo", disse ela, atrás das grades de sua casa, à multidão que celebrava sua soltura em Yangon.
Cerca de mil pessoas, entre elas muitos jornalistas, se aglomeraram do lado de fora de sua casa, situada em frente a um lago, ao longo do dia. Muitos deles gritavam 'Libertem Aung San Suu Kyi' e 'Vida Longa a Aung San Suu Kyi'.

Alguns usavam camisetas estampadas com mensagens de apoio à ativista.
Ela afirmou que voltaria a falar a seus simpatizantes neste domingo. Depois, voltou para dentro de sua casa, onde iria se reunir com líderes de seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND).
A condenação de 18 meses de prisão domiciliar, que a vencedora do Nobel da Paz em 1991 cumpria atualmente, foi a última de uma longa série de punições.

O governo já havia adiantado que iria libertar Suu Kyi, que há mais de 20 anos simboliza a resistência democrática pacífica em Mianmar.
A libertação ocorre poucos dias depois das primeiras eleições no país em 20 anos, celebradas no último domingo.
Os países ocidentais e a oposição criticaram o processo e denunciaram fraudes. Mas o partido ligado à junta militar que governa o país ignorou a censura internacional e alegou ter recebido 80% dos votos para as futuras assembleias nacionais e regionais.
Há alguns meses, analistas previram que o regime terminaria libertando Suu Kyi, que foi mantida afastada das eleições.
Mas também lembram que o homem forte da junta a libertou duas vezes antes de determinar sua prisão novamente.
Em maio de 2009, Suu Kyi estava prestes a ser libertada quando um americano conseguiu nadar até sua casa em Yangun, às margens de um lago. Em agosto do mesmo ano, ela foi condenada a mais 18 meses de prisão domiciliar.
Apesar dos pedidos da ONU, a junta militar que controla o país recusava-se a se reunir com secretário-geral Ban Ki-moon, que, na ocasião, visitou especialmente Mianmar para isso.
Suu Kyi sempre clamou inocência, denunciando o caráter parcial das acusações atribuídas a ela pelo governo birmanês.


Isolamento
Mesmo com a libertação, Suu Kyi está politicamente mais isolada do que nunca. A vitória eleitoral de 1990 de seu partido parece cada vez mais longe.

O resultado da votação de 20 anos atrás nunca foi reconhecido pelo regime ditatorial, e a líder opositora passou 15 dos últimos 20 anos privada da liberdade.
Mas a vitória deu legitimidade a Suu Kyi em Mianmar e no exterior. O principal objetivo da junta militar nas eleições de domingo era tentar reduzir esta legitimidade.
Suu Kyi boicotou as eleições, assim como a LND, que foi oficialmente dissolvida. Em tais condições, o futuro político da dissidente é incerto.
Em outro problema para o governo, a junta militar acusou de "terroristas", que cometeram "atos subversivos para perturbar a estabilidade do Estado", os rebeldes da etnia Karen que enfrentaram o Exército no leste do país.
Os combates provocaram a fuga para a Tailândia de 20 mil pessoas. Quase todas já retornaram, mas a tensão persiste em um país onde muitas minorias étnicas não têm uma relação pacífica com o governo central.

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