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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DESCONFIANÇA FAZ AÇÕES DO PANAMERICANO CAÍREM ABAIXO DO VALOR CONTÁBIL

Com base nas cotações de hoje, o valor de mercado do Panamericano gira em torno de R$ 1,167 bilhão 


 (Foto: Divulgação)

SÃO PAULO -  Como reflexo da desconfiança dos investidores no Banco Panamericano, as ações da instituição já são negociadas abaixo do valor contábil diante da forte queda de quase 30% no pregão de hoje. A grosso modo, um banco vale menos que seu patrimônio quando o mercado desconfia de sua saúde financeira ou quando possui uma rentabilidade inferior aos custos de captação.
Com base nas cotações de hoje, o valor de mercado do Panamericano gira em torno de R$ 1,167 bilhão. Para efeito de comparação, na abertura de capital da instituição, em dezembro de 2007, o banco foi avaliado em quase R$ 2,5 bilhões.
Na BM&FBovespa, os papéis do banco fecharam em queda de 29,54% a R$ 4,77, abaixo dos R$ 5,61 declarados no patrimônio líquido do segundo trimestre deste ano. Para efeito de comparação, as ações de grandes bancos privados, como Itaú Unibanco e Bradesco, são negociadas a quase 300% acima do valor registrado no balanço.
Apesar de o banco ter informado que o aporte de R$ 2,5 bilhões do Grupo Silvio Santos - controlador da instituição - seria suficiente para cobrir as perdas patrimoniais, no mercado financeiro existem dúvidas se os números do banco no segundo trimestre - os últimos disponíveis - podem ser usados como referência. Nem mesmo a informação de que a injeção de capital não diluirá os demais acionistas serviu para aplacar o nervosismo entre os investidores.
A perda das ações só não é maior por conta da presença da Caixa Econômica Federal como acionista minoritário, segundo especialistas de mercado ouvidos pela Agência Estado. "Existe a esperança de que, na pior das hipóteses, a Caixa contribua para bancar o prejuízo e honrar os depósitos", afirma uma fonte.
Para um gestor de fundos, ainda que o valor patrimonial seja confiável e possa ser usado como referência, não se sabe qual rentabilidade o Panamericano será capaz de entregar aos acionistas. "A informação passada sobre o banco não vale mais nada", resume.
Existe ainda o temor de que os problemas contábeis enfrentados pela instituição sejam maiores do que os revelados. "Fica difícil imaginar como as auditorias do banco e a contratada pela Caixa não tenham descoberto nenhuma irregularidade nos balanços", considera um profissional de mercado. Procuradas, a Deloitte, que audita o balanço do Panamericano, e a KPMG, que auxiliou a Caixa na aquisição de parte minoritária do banco, não se pronunciaram até o momento.
No final do ano passado, a Caixa pagou R$ 739,272 milhões por uma participação de 35% no capital do Panamericano. Parte dos papéis adquiridos foi vendida pelo Grupo Silvio Santos, que agora se comprometeu a arcar com o rombo de R$ 2,5 bilhões no balanço. A venda para a Caixa foi o único recurso embolsado diretamente pelo empresário, já que, no IPO, a captação foi apenas primária, com a emissão de novas ações. 

FONTE: ESTADÃO 

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