Quixadá. As águas do Açude do Cedro não serão mais utilizadas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). A decisão foi tomada na audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores de Quixadá, evento promovido na última quarta-feira. Após ouvir as exposições dos representantes da Cagece e dos grupos a favor e contra o bombeamento da água do reservatório para a cidade, a plenária aprovou a utilização dos recursos hídricos apenas para as comunidades do entorno da represa hídrica.
A medida deverá afetar o abastecimento de pelos menos 25 mil consumidores. Atualmente, a água chega às torneiras dos imóveis por meio da adutora que liga o Açude Pedras Brancas à cidade. A rede de adução, construída há mais de uma década, não é suficiente para dar suporte aos bairros. Para evitar o colapso, a Cagece realiza manobras sistemáticas, suspendendo provisoriamente o abastecimento numa área para suprir outra. Alguns bairros passam uma semana inteira sem água.
O gerente regional da Cagece, engenheiro Christian Quezado, chegou a defender a proposta de liberação de pelo menos 40m³/s para suprir a carência enquanto a nova adutora não é construída. O técnico se baseou nas projeções da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), cujos estudos apontam que a liberação da água do Cedro para o consumo doméstico representaria a redução de apenas 1,8m na lâmina d`água do açude. Quezado acrescentou que 1,2m se perdem todo ano com a evaporação no período da estiagem.
Complementando sua exposição, o gerente da unidade de abastecimento de Quixadá destacou não haver prejuízo para o turismo e nem para os ribeirinhos. Mas também revelou que a paralisação da captação em setembro do ano passado ocorreu por conta dos índices de poluição da substância líquida mineral. A água não estava apropriada para o uso na clínica de hemodiálise do Centro Regional de Hematologia e de Hemoterapia (Hemoce).
Entorno do reservatório
Os esclarecimentos técnicos fortaleceram o posicionamento da presidenta do Poder Legislativo Municipal, professora Edi Leal, e da maioria dos participantes da audiência, membros do Comitê Gestor dos Recursos Hídricos da Bacia do Banabuiú, ao qual o Cedro é integrado, a reivindicarem o uso restrito dos recursos exclusivamente para o entorno do açude. Além da exploração turística, apenas a agropecuária e a pesca de subsistência estão liberadas.
Segundo dados da Cogerh, atualmente, o mais antigo reservatório público do Brasil conta com 47,79 milhões de metros cúbicos de água. Esses números representam 37,97 % da capacidade total do açude, estimada em 126 milhões de metros cúbicos. A lâmina d`água atinge hoje 9,42m. Antes do início da quadra invernosa o nível não passava de 2,95ms. Dos 18 açudes da bacia hídrica do Banabuiú, sete ainda estão com sua capacidade máxima. O Cedro ainda apresenta o nível mais baixo.
Mais informações:
Câmara de Vereadores de Quixadá(88) 3412.2285
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos, (85) 3218.7020
ALEX PIMENTEL
COLABORADOR
FONTE: DIARIO DO NORDESTE
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