“Não temos o que esconder e tampouco queremos ser espelho. Buscamos apenas um direito que a lei nos ampara" Foto: Chico Javali |
Detalhes
Marileide Rocha Sousa (Mary), 37 anos, é professora de Inglês em uma escola da rede pública Estadual em Quixeramobim, já teve uma relação estável com um homem durante 11 anos, neste estágio teve dois filhos, sendo uma garota de 8 e um garoto de 11 anos. O casal mora com ela e com a parcera, inclusive tem conhecimento do assunto, porque ela mesma resolveu contar aos filhos e garante que eles aceitaram sem nenhuma restrição.
Kamila Ferreira Pinheiro, 26 anos, Consultora Empresarial, disse que já namorou sério com homens, mas percebeu que a sua “praia” era outra. Garante que está vivendo a melhor fase de sua vida e ao lado da pessoa amada.
As duas estão de alianças após terem registrado um contrato de União Homoafetivo no cartório Queiroz Rocha, no dia 8 de setembro de 2011. No contrato há uma cláusula em que ficou estabelecido que pertencerão à ambas, em condomínio, todos os bens e direitos requeridos na convivência, presente ou futuro, sendo está aquisição onerosa ou gratuita. O casamento será na comunhão universal de bens.
Relação
Mary contou que o relacionamento das duas está com quase dois anos e que sempre tiveram vontade de casar-se, com objetivo de garantir o futuro de uma das duas em caso de doenças ou morte, mas por ter o direito negado pelo Estado, conviviam em união estável e que após a decisão do STF, que decidiu garantir aos homossexuais a certidão de casamento, não pensaram duas vezes e foram nos dias seguintes ao cartório, mas receberam a resposta de que precisam de um tempo para se inteirarem da decisão. Passado alguns meses elas retornaram e receberam resposta positiva que podiam registrar o Contrato, que também pede que seja convertido em Certidão de Casamento pela Justiça no regime de comunhão universal de bens.
Hoje as duas moram em residência própria no bairro Edmilson Correia de Vasconcelos, casa mobilizada, aproveitaram e compraram também um carro para a família.
Opinião Familiar
Ao serem questionadas a professora Mary fez questão de destacar: “a minha família é nota 1.000, minha mãe, pai, irmãos estão apoiando e demonstram um grande carinho por Kamila”, destacou. Mas a mãe de Kamilia não aceita e sequer fala com ela, “a minha mãe não aceitou de forma nenhuma, foi uma surpresa, pois ela mesma chamava as amigas de preconceituosa por não aceitar seus filhos ter relação com pessoas do mesmo sexo, mas quando foi à filha dela, preferiu renegar”, emocionou-se. Perguntada se ela acredita na aceitação da mãe, preferiu dizer que vive o melhor momento de sua vida ao lado de sua amada.
Opinião pública
“Tudo que eu quero é ser feliz, portanto, sobre a opinião de pessoas que não tem nada haver, em nada vai mudar”, destacou Mary, contando ainda que nos locais públicos não ficam se beijando, não por vergonha, mas pra evitar eventuais constrangimentos de pessoas que não estão inseridas na realidade do mundo moderno.
Opinião dos alunos
“Todos os meus alunos sabem desse relacionamento. Eles são do Ensino Médio, portanto, acredito que tem aceitado na boa, até porque nunca recebi discriminação por parte deles”, garantiu a professora que já tem mais de 15 anos de pratica educacional.
Opinião dos Filhos
“Meus filhos estão muito bem orientados, caso alguém queira saber do assunto, eles vão mandar falar comigo. Sobre a Kamila eles gostam muito dela e ela deles”. Sobre uma possível adoção de outra criança, elas ainda não pensaram na ideia.
Dia do Casamento
O casal está preparado para um eventual indeferimento no pedido na primeira instância, caso aconteça, elas pretendem recorrer ao Tribunal de Justiça do Ceará, mas acreditam que tudo será resolvido em seu município. E neste dia haverá festa, pois será selado um feito histórico na região e o portal Revista Central já foi convidado a registrar o ato.
Para Kamila Ferreira e Marileide Rocha o mais importante de tudo isso não é selar no cartório um casamento, mas o respeito e o sentimento verdadeiro que existem entre as duas. Elas acreditam que a partir da iniciativa de registrar, para garantir os direitos que as leis asseguram a todo casal, outros homossexuais que vivem na mesma situação, também tomarão a mesma iniciativa, “não queremos ser espelho para ninguém, mas com certeza outros casais seguirá o mesmo exemplo”.
No fim da entrevista as duas exibiram o contrato para as lentes do portal Revista Central, demonstrando a sua felicidade, bem como as alianças de compromisso.
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