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domingo, 24 de outubro de 2010

FAVELA DA ROCINHA PROMOVE SUA PRIMEIRA PARADA GAY

PARADA GAY DE SÃO PAULO
Em clima de festa, a favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio, promoveu sua primeira parada gay na tarde deste domingo (24). O ato promovido pelas duas associações de moradores para "combater a discriminação" virou o programa de domingo das famílias, que ocuparam as estreitas calçadas para ver o trio elétrico, acompanhado pelo desfile de drag queens e transformistas. Principal via da comunidade, a estrada da Gávea foi decorada com balões coloridos e a distribuição gratuita de cerveja ajudou na desinibição dos participantes.
"A festa foi um pedido da comunidade. Aqui moram muitos gays e eles mereciam um evento como este", disse Telmo Oliveira, diretor da Associação de Moradores do Bairro Barcelos, uma das localidades da Rocinha. No lugar de ativistas do movimento gay, os líderes comunitários chamaram "celebridades" como a Mulher Maçã, escolhida a rainha do evento.
"Não me sinto discriminado aqui", disse J., de 15 anos. Ao ser questionado sobre o que achava do evento, J. Elogia: "Acho maravilhoso que o Nem tenha feito isto pela gente". Ele se referia a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Rocinha. Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, presidente da Associação de Moradores do Bairro Barcelos, responde em liberdade a inquérito por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele nega todas as acusações. Em agosto, ele negociou a rendição dos traficantes que invadiram o Hotel Intercontinental.
"Acho que aqui é meio escrachado. É mais festa do que conscientização", resumiu Renata Weber, de 29 anos. Moradora da Gávea, ela subiu o morro para conferir o evento. A amiga dela, que mora na Rocinha, não sentiu falta dos discursos em defesa dos direitos civis. "Estou achando tudo o máximo. Eu já fui na parada gay de Copacabana, que é mais rica. Aqui é pobre, mas está mais animado", disse Odete Fernandes, de 36, que parou para ver a imensa bandeira do arco-íris, símbolo do movimento gay, que cobria a os participantes.
Na concentração, cerca de 10 mil pessoas participavam da caminhada. Os organizadores esperavam reunir cerca de 30 mil na Via Ápia, na parte baixa da favela, onde um palco foi montado.
Moradores de outras cidades também foram conferir o evento. "Mostra que a comunidade não é só violência. Alguns exageram, mas não vejo depreciação da imagem dos gays. Acho que eles reivindicam igualdade de forma legítima", opinou Luciano Neri, de 35 anos, morador de Niterói, que foi com sua mulher.
Os gays da Rocinha aprovaram o evento. "Há dois anos, o preconceito era grande, mas acho que por algum motivo isto vem melhorando", avaliou o cabeleireiro Dhamian Alves, de 20 anos, nascido e criado na favela.
O número de adolescentes gays na comunidade impressionava. Maquiados e com roupas colantes, um grupo de dez meninos fazia coreografias eróticas ao som da trilha sonora da parada gay, que ia de músicas da Xuxa até hits de rádios.
FONTE: PORTAL VERDES MARES 

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