A presidenta Dilma Rousseff, ao discursar na primeira sessão da 41ª Cúpula de
Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, nesta
quarta-feira (29/6), em Assunção, Paraguai, deu ênfase ao desenvolvimento
econômico e social dos países que integram o bloco econômico sul-americano. No
entanto, a presidenta lembrou que para seguir no rumo certo é preciso avaliar o
momento atual para, em seguida, pensar o futuro. Ela frisou que o mundo passa
por grandes transformações.
“Que cada grande realização conjunta seja fonte de estímulo e inspiração para seguirmos adiante na plena realização de nossas excelentes perspectivas. No Mercosul, a prosperidade de um tem de ser a prosperidade de todos.”
Nesta parte do discurso, a presidenta lembrou que a crise financeira mundial
de 2008 ainda não foi superada. Grandes economias, como os Estados Unidos,
“passam por enormes dificuldades de recuperação, com a economia crescendo muito
abaixo do esperado”. Enquanto isso, a União Europeia enfrenta situação dramática
com seus membros passando por graves crises de ordem privada, fiscal e
financeira. O caso da Grécia, de Portugal, da Irlanda e até da Espanha foram
citados como exemplos de ter consequências negativas, afetando muitas
economias.
Dilma Rousseff afirmou também que “os países em desenvolvimento da América
Latina, da Ásia e da África tem, nesse contexto, tido um desempenho muito mais
dinâmico, mas muitos de nós tem sofrido as consequências do excesso de liquidez
produzido pelos países ricos, que compromete nossa competitividade e tem sido o
principal fator responsável pelas pressões inflacionárias existentes”.
Por isso, defendeu que os países do Mercosul mantenham-se sempre atentos.
“Somente seremos capazes de seguir aprofundando as oportunidades que surgirão se
tivermos uma estratégia conjunta sobre a vocação e o futuro do nosso bloco e,
sobretudo, sobre a forma em que vamos nos inserir no mundo multipolar hoje em
construção”, disse.
“Estou segura de que o Alto Representante-Geral do Mercosul, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, dará contribuição valiosa para esse exercício, promovendo ideias novas e propostas de ação.”
Após os cumprimentos de praxe, a presidenta Dilma deu início ao discurso com
ênfase ao orgulho “de havermos acreditado no projeto de desenvolvimento voltado
para a sociedade de nossos Países”. E prosseguiu: “Estamos construindo uma
grande área sul-americana de paz, democracia, justiça social e
desenvolvimento.”
Dilma Rousseff agradeceu aos parceiros do Mercosul pelo apoio a eleição do
professor José Graziano da Silva ao cargo de diretor-geral da FAO. Ela disse
estar convicta de que Graziano irá atuar “com o mais elevado sentido de
profissionalismo em prol de todos os Estados Membros daquela importante Agência
Especializada”. Segundo ela, a eleição de Graziano consistiu numa vitória não somente do Brasil, mas de todo o grupo de países latino-americanos e
caribenhos.
No discurso, a presidenta brasileira lembrou do momento atual nas economias dos
países que integram o Mercosul e explicou que trata-se de um modelo de
crescimento único no mundo não apenas pela expansão numérica do PIB, mais um
processo de geração compartilhada de riqueza, segundo ela, vinculada à
humanização do desenvolvimento, que se quer socialmente justo e ambientalmente
sustentável.
“Nosso modelo busca a prosperidade pela incorporação das massas historicamente excluídas. A inclusão social tornou-se motor da economia, não o contrário, como insistiram — e fracassaram, no passado — governantes e economistas desvinculados de nossas realidades nacionais. Progredimos, ademais, na estabilidade da democracia, duramente conquistada ao longo de nossa história. Uma história nem sempre pródiga em exemplos de humanidade em relação aos menos favorecidos, ou tolerante do ponto de vista da pluralidade do pensamento político e da ação social.”
Em seguida, a presidenta Dilma relatou os avanços do bloco econômico em 20
anos de existência como exemplo a criação e a consolidação da união aduaneira
fato que permitiu que o crescimento regional saísse de US$ 5 bilhões, em 1991,
para US$ 44,5 bilhões no ano passado. Nestas duas décadas, conforme destacou,
houve um intenso trabalho no sentido de aprofundar e facilitar as relações
econômico-comerciais. Isso resultou, por exemplo, que no ano passado fosse
aprovado o Código Aduaneiro do Mercosul.
Ela lembrou o lançamento da negociação do acordo de investimentos, bem como
da decisão de criar um Protocolo de Contratações Públicas. O bloco de países
também acreditou, segundo a presidenta, que as compras do Estado devem apoiar a
inovação e o desenvolvimento científico e tecnológico, preparando as empresas e
sociedades para a economia do conhecimento.
“Temos objetivos definidos para uma política de livre circulação de pessoas. Adotamos plano de promoção de direitos civis, culturais e econômicos, com o propósito de assegurar igualdade de condições e de acesso ao trabalho, saúde e educação. Enquanto países mais prósperos e desenvolvidos desmontam o Estado do bem-estar social, os países do Mercosul investem cada vez mais em programas de proteção social.”
Após o discurso, a presidenta Dilma seguiu para o almoço oferecido pelo
presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Depois, os presidentes e representantes
dos países integrantes do Mercosul participaram da foto oficial. A presidenta
retorna ainda hoje para o Brasil.
FONTE:
BLOG DO PLANALTO
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