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Marabá (PA) - O plebiscito realizado nesse domingo (11) no Pará mostrou que
66,6% dos eleitores que foram às urnas são contra a divisão do estado para a
criação de dois novos: Carajás e Tapajós. No entanto, nas cidades que deveriam
se tornar capitais dessas novas unidades da Federação, Marabá e Santarém,
respectivamente, a votação expressiva acima dos 90% a favor da divisão demonstra
a insatisfação e o sentimento de abandono da população.
Esse sentimento pode ser justificado pelos baixos investimentos estaduais nos
municípios das duas regiões. De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), os gastos e investimentos
estaduais per capita feitos em Carajás e no Tapajós são bem menores do
que em municípios que permaneceriam no Pará.
Em 2010, enquanto o governo estadual gastou R$ 1.908,39 para cada habitante
nessa região, em Carajás foram R$ 536,62 e no Tapajós, R$ 373,51. Em relação aos
investimentos, o valores foram R$ 223,01, R$ 95,96 e R$ 60,20,
respectivamente.
Para a pedagoga Magda Alves, que assistiu à apuração no telão colocado em
frente ao Tribunal Regional Eleitoral em Marabá, os mais de 90% de votos da
cidade a favor da criação do estado de Carajás são o grito de uma região dizendo
que precisa de atenção. “Tem que haver mudança na gestão pública, no
direcionamento dos recursos, na maneira como nossos políticos eleitos se
comportam em relação à nossa região, tudo isso tem que mudar”.
A advogada Cláudia Chini disse, logo após o resultado, que “esse plebiscito
demonstrou a indignação de uma população que está há décadas largada pelo
descaso dos governantes". Moradores de Marabá, procedentes em grande parte de
outros estados, também mostram insatisfação quando falam da divisão. "Não temos
educação, saneamento, segurança, as cidades mais violentas do país nós estamos
encampando aqui e, infelizmente, não temos representatividade no Congresso”,
disse Cláudia.
O governador do Pará, Simão Jatene, que antes do plebiscito de manifestou
publicamente contra a divisão do estado, falou em “pacto pelo Pará” após o
resultado e disse que o debate sobre a divisão exige uma rediscussão sobre
responsabilidades com a esfera federal.
No site do governo na internet, Jatene diz que o Estado não
está conseguindo chegar onde as pessoas estão e que é o momento de todo o país
refletir sobre isso. Ele admitiu que o sentimento das pessoas é genuíno porque
realmente há distância e ausência, “uma insuficiência do Estado brasileiro” em
relação a essas populações. Para o governador, o caminho, no entanto, não é a
separação.
Enviado Especial
Edição: Graça Adjuto
FONTE:
AGÊNCIA BRASIL
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