Dois anos após denúncia de Associação de Amigos marco geográfico e histórico de Quixadá será debatido
FOTO: CLEUMIO PINTO |
Quixadá. Vereadores, historiadores, urbanistas e artistas começam a discutir, hoje, a restauração da Pedra do Cruzeiro. Juntos, devem encontrar alternativas para a remoção das torres instaladas naquela área pública ao longo dos anos. Sem controle, foram espalhadas no topo da rocha ofuscando seu principal símbolo histórico, o cruzeiro de concreto. A formação monolítica localizada no Centro da cidade é considerada por muitos uma das principais atrações turísticas da região.
A primeira reunião ocorre na presidência da Câmara. O encontro tem por objetivo a organização de um movimento para recuperação do acervo natural e do símbolo histórico responsável pela nominação popular da formação rochosa, o cruzeiro de concreto. Segundo a presidenta do Parlamento Municipal, vereadora Edi Leal, ao longo dos anos o peculiar monólito foi poluído por diversas torres metálicas. Agora, é preciso reparar os danos e restaurar seu marco religioso. Poderes públicos e a população devem se unir.
Representantes de organizações não governamentais, como a Associação dos Filhos e Amigos de Quixadá (Afaq) e a Associação Cultural Artística e Ecológica do Ceará (Acaec), apontam como solução a construção de uma única torre. Nela, as operadoras de telefonia, as emissoras de televisão e as empresas de internet poderão instalar suas repetidoras. A própria estrutura metálica poderá ser estilizada e transformada em um cruzeiro colossal, da altura do Cristo Redentor, um dos mais famosos monumentos do mundo.
De acordo com o presidente da Afaq, Edvardo Moraes de Oliveira (Vavá), as empresas poderão custear o projeto, uma vez que já usufruem do espaço público. Como o monólito fica situado na região mais central da cidade, é ideal para as transmissões e retransmissões. Mas a essência histórica deve ser preservada. Esta preocupação levou a Afaq a ingressar, em 2008, com uma ação junto ao Ministério Público. O pedido estava pautado na Lei 2.183, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre a instalação de antenas transmissoras de radiação eletromagnéticas e equipamentos afins no Município de Quixadá.
A preocupação tem motivo: a acentuada descaracterização daquele patrimônio natural. Além das antenas, a especulação imobiliária é outro problema. Enormes prédios estão sendo erguidos no entorno da rocha. "Aos poucos, a Pedra do Cruzeiro está sendo sugada pelas edificações e ambição econômica", avalia o escritor e pesquisador João Eudes Costa, membro da Afaq. Segundo ele, todo o entorno da Pedra do Cruzeiro foi um dia uma bela lagoa. Embora o monólito seja tombado como patrimônio da cidade, nenhum cuidado é tomado.
Na condição de presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, o vereador Welington Queiroz, mais conhecido por Ci, avalia como viável a proposta da Afaq e da Acaec. As empresas poderão se unir, construir a estrutura, estilizá-la e se responsabilizar pela manutenção daquele espaço público. O serviço, incluindo limpeza e iluminação, servirá como contrapartida pelo uso da área. "Houve um tempo em que, após as missas matinais do domingo, as pessoas subiam à Pedra do Cruzeiro para apreciar a vista da cidade. Queremos esses tempos de volta", completou.
Primeiro passo
Mas para concretizar a proposta a população deve ser consultada. A reunião de hoje será o primeiro passo. É preciso fazer o levantamento de quantas torres e antenas estão instaladas e a quem pertencem. Os proprietários deverão ser notificados.
Além da discussão sobre a Pedra do Cruzeiro, três audiências públicas, uma sessão solene e uma missão parlamentar completam o calendário de atividades da Câmara neste mês.
Alex Pimentel
Colaborador
Solução
"Não somos contra o progresso, mas nossas raízes devem ser preservadas, solucionando o problema"
Edvardo Moraes de Oliveira
Presidente da Afaq
MAIS INFORMAÇÕES
Câmara de Vereadores de Quixadá, (88) 3412.2285
Associação das Famílias e Amigos de Quixadá, (85) 3254.7168
FONTE: DIARIO DO NORDESTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário