Fotos: Cleumio Pinto |
QUIXADÁ – Este domingo a rua que apresentaremos é o corredor
utilizado por condutores de veículos para evitar chegar ao centro passando por
semáforos e ruas agitadas com o movimento de veículos e pedestres, facilitando
assim o acesso com mais agilidade, além de ser em homenagem a um filho adotivo
ilustre que representa a cultura de nosso passado recente. A Rua do Triangulo
popularmente conhecida, é uma via que
hoje recebe muitos comércios, passando a ser em seu final praticamente uma área
comercial, com mercadinhos, lava jatos, marcenaria, oficinas, bares,
lanchonetes e até academia onde o seus moradores se preparam para enfrentar o
dia de trabalho.
Rua Aderaldo Ferreira de Araújo,
Situada no bairro Triângulo. Inicia na Avenida Plácido Castelo, nas proximidades
do Clube do Comercial, segue em direção oeste-leste, até a Rua Tenente Cravo.
Denominada por força de Lei N° 799, de 22.03.1974, registrada no livro N° 7 da
Câmara Municipal de Quixadá, proposição do Vereador Adauto Lino do Nascimento,
sancionada pelo Prefeito Aziz Okka Baquit.
Anderson com cliente |
Vários moradores que residem a
mais de vinte anos afirmam que a rua que já foi asfaltada mas hoje mantem a sua
originalidade em pedras, porem por ser um corredor de escoamento do transito e
intenso e realmente precisa ser asfaltada. O Comerciante Anderson Ferreira, 28
anos nasceu e cresceu na Rua do Triangulo como é conhecida, “hoje ainda temos
privilégio de sentar-se na calçada para papear, mas acho que tem de ser
asfaltada, pois o movimento de carro é muito intenso”. Afirma Anderson.
ADERALDO FERREIRA DE ARAÚJO – Nasceu no Crato/Ce. Na antiga Rua da
Pedra Lavrada, no dia 24 de junho de 1878. Filho de Joaquim Rufino de Araújo e
Maria Olímpia de Araújo. Possuía dois irmãos: Raimundo e Reginaldo.
A família chegou a Quixadá, entre
o fim de 1878 e o inicio de 1879, para tentar melhor sorte, porque ainda sofria
as consequências da seca de 1877, quando todo o Nordeste padeceu os efeitos
daquela estiagem.
Seu pai era alfaiate e ao chegar a
Quixadá sofreu um Acidente Vascular Cerebral – AVC, ficando mudo, surdo e sem
poder se locomover, em 1896 seu pai falece. Após 15 dias da morte do pai
Aderaldo perde a visão. Trabalhava alimentando caldeira de lenha na fábrica do
Sr. Daniel de Moura ( hoje pertence a família Baquit). Sentiu sede e ao beber
agua os olhos estouraram sob a pressão de uma hemorragia. Cego, arrimo de
família, impossibilitado de trabalhar, recebeu de uma vizinha o presente que
mudaria sua vida, um cavaquinho.
Aderaldo sai pelo sertão e, como
por um milagre, começou a tocar e fazer poesia, sem nunca antes ter feito um só
verso. Recebia como pagamento gêneros alimentícios para sustentar sua mãe, pois
o irmão Raimundo morreu ainda criança e Reginaldo foi embora para o Amazonas e
não mais deu noticias. Quando já começava a se firma como cantador e tocador de
viola, sua mãe faleceu, não tendo dinheiro para realizar o enterro da mãe,
canta para os ricos visitantes, a fim de conseguir recursos para sepultar sua
mãe.
A grandeza deste homem que mesmo
sem enxergar com os olhos e nem condições financeira privilegiada, mas continha
um imenso coração, 26 crianças pobres foram adotadas pelo cantador, após ter
distribuído muito amor, carinho, oportunidade de estudos e a arte de tocar
instrumentos, consegue montar uma orquestras com os filhos adotivos que o
acompanhava em suas apresentações sendo a abertura para preparar o público
antes de suas prosas e modas de violas que encantava a todos que o ouvia.
Aderaldo morreu em Fortaleza onde
foi sepultado, no dia 29 de Junho de 1967, com pouco mais de 89 anos de idade.
Estatua em homenagem ao Cego Aderaldo |
A Associação dos Cantadores do
Nordeste, através do seu presidente Alberto Porfírio, ergue uma estatua
esculpida por João Bosco do Vale em Quixadá, nas proximidades do Terminal
Rodoviário. Sua inauguração foi realizada com a presença do Governador Cel.
Virgílio Távora, o Prefeito Renato Carneiro e um grande público de quixadaenses
que recebiam esta lembrança viva do artista que engrandece a cultura local. Em
1998 na comemoração de 120 anos de Aderaldo um festival de cantoria e
lançamento de um CD realizado pelo saudoso Miguel Peixoto com apoio do Clube da
Viola e da Prefeitura Municipal fizeram as festividades onde se ouviu muita
viola e prosas peculiares nas noites de apresentação de Cego Aderaldo.
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