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domingo, 6 de maio de 2012

CEGO ADERALDO, RUA DO TRIANGULO RECEBE COM ORGULHO O NOME DO CANTADOR POETA

Fotos: Cleumio Pinto
QUIXADÁ – Este domingo a rua que apresentaremos é o corredor utilizado por condutores de veículos para evitar chegar ao centro passando por semáforos e ruas agitadas com o movimento de veículos e pedestres, facilitando assim o acesso com mais agilidade, além de ser em homenagem a um filho adotivo ilustre que representa a cultura de nosso passado recente. A Rua do Triangulo popularmente conhecida, é uma  via que hoje recebe muitos comércios, passando a ser em seu final praticamente uma área comercial, com mercadinhos, lava jatos, marcenaria, oficinas, bares, lanchonetes e até academia onde o seus moradores se preparam para enfrentar o dia de trabalho. 

Rua Aderaldo Ferreira de Araújo, Situada no bairro Triângulo. Inicia na Avenida Plácido Castelo, nas proximidades do Clube do Comercial, segue em direção oeste-leste, até a Rua Tenente Cravo. Denominada por força de Lei N° 799, de 22.03.1974, registrada no livro N° 7 da Câmara Municipal de Quixadá, proposição do Vereador Adauto Lino do Nascimento, sancionada pelo Prefeito Aziz Okka Baquit. 

Anderson com cliente
Vários moradores que residem a mais de vinte anos afirmam que a rua que já foi asfaltada mas hoje mantem a sua originalidade em pedras, porem por ser um corredor de escoamento do transito e intenso e realmente precisa ser asfaltada. O Comerciante Anderson Ferreira, 28 anos nasceu e cresceu na Rua do Triangulo como é conhecida, “hoje ainda temos privilégio de sentar-se na calçada para papear, mas acho que tem de ser asfaltada, pois o movimento de carro é muito intenso”. Afirma Anderson.


ADERALDO FERREIRA DE ARAÚJO – Nasceu no Crato/Ce. Na antiga Rua da Pedra Lavrada, no dia 24 de junho de 1878. Filho de Joaquim Rufino de Araújo e Maria Olímpia de Araújo. Possuía dois irmãos: Raimundo e Reginaldo. 

A família chegou a Quixadá, entre o fim de 1878 e o inicio de 1879, para tentar melhor sorte, porque ainda sofria as consequências da seca de 1877, quando todo o Nordeste padeceu os efeitos daquela estiagem. 

Seu pai era alfaiate e ao chegar a Quixadá sofreu um Acidente Vascular Cerebral – AVC, ficando mudo, surdo e sem poder se locomover, em 1896 seu pai falece. Após 15 dias da morte do pai Aderaldo perde a visão. Trabalhava alimentando caldeira de lenha na fábrica do Sr. Daniel de Moura ( hoje pertence a família Baquit). Sentiu sede e ao beber agua os olhos estouraram sob a pressão de uma hemorragia. Cego, arrimo de família, impossibilitado de trabalhar, recebeu de uma vizinha o presente que mudaria sua vida, um cavaquinho. 

Aderaldo sai pelo sertão e, como por um milagre, começou a tocar e fazer poesia, sem nunca antes ter feito um só verso. Recebia como pagamento gêneros alimentícios para sustentar sua mãe, pois o irmão Raimundo morreu ainda criança e Reginaldo foi embora para o Amazonas e não mais deu noticias. Quando já começava a se firma como cantador e tocador de viola, sua mãe faleceu, não tendo dinheiro para realizar o enterro da mãe, canta para os ricos visitantes, a fim de conseguir recursos para sepultar sua mãe.

A grandeza deste homem que mesmo sem enxergar com os olhos e nem condições financeira privilegiada, mas continha um imenso coração, 26 crianças pobres foram adotadas pelo cantador, após ter distribuído muito amor, carinho, oportunidade de estudos e a arte de tocar instrumentos, consegue montar uma orquestras com os filhos adotivos que o acompanhava em suas apresentações sendo a abertura para preparar o público antes de suas prosas e modas de violas que encantava a todos que o ouvia.

Aderaldo morreu em Fortaleza onde foi sepultado, no dia 29 de Junho de 1967, com pouco mais de  89 anos de idade. 

Estatua em homenagem ao Cego Aderaldo
A Associação dos Cantadores do Nordeste, através do seu presidente Alberto Porfírio, ergue uma estatua esculpida por João Bosco do Vale em Quixadá, nas proximidades do Terminal Rodoviário. Sua inauguração foi realizada com a presença do Governador Cel. Virgílio Távora, o Prefeito Renato Carneiro e um grande público de quixadaenses que recebiam esta lembrança viva do artista que engrandece a cultura local. Em 1998 na comemoração de 120 anos de Aderaldo um festival de cantoria e lançamento de um CD realizado pelo saudoso Miguel Peixoto com apoio do Clube da Viola e da Prefeitura Municipal fizeram as festividades onde se ouviu muita viola e prosas peculiares nas noites de apresentação de Cego Aderaldo.

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