Ônibus sem registro em hotel ou pousada chegam a pagar quase R$ 3 mil. Em alguns locais, o veículo não pode sequer entrar no município.
Mulher carrega bebê e passa em frente ao ambulante Paulo Siqueira, que diz ser a favor dos turistas eventuais (Foto: Paulo Toledo Piza/ G1)
Os turistas de um dia têm tido cada vez mais dificuldade para aproveitar as praias do litoral de São Paulo. Acostumados a se amontoar em ônibus com isopores lotados de bebida e comida para passar algumas horas ao sol, eles estão longe de receber tratamento VIP.
A maioria das cidades tem ao menos uma receita para coibir a ‘farofa’ na areia. Algumas cobram caro dos que pretendem entrar na cidade sem gerar renda alguma e ainda despejar sujeira. Outras ‘isolam’ os turistas em praias menos badaladas, dando em troca um terminal todo equipado com banheiros e estacionamento.
É o que ocorre em São Sebastião, no litoral norte. Reformado, um terminal para ônibus na Praia Grande recebe os chamados turistas de um dia com churrasqueiras e até lanchonete. Os ônibus param e pagam R$ 300.
Vans desembolsam R$ 60. Com isso, os turistas ficam bem longe de Maresias, Juqueí, Camburi e outros locais frequentados pela ‘high society’. “As pessoas dessas praias têm de fato preconceito contra os turistas de um dia. É para isso que existe essa estrutura aqui”, diz Ademir Rosa dos Santos, que administra o chamado Balneário.
Em Caraguatatuba, os ônibus também só podem parar em dois terminais preestabelecidos. Um é mantido pela prefeitura e fica na Praia das Flexeiras. O outro é particular e fica em Aruã. Nos dois, ônibus pagam R$ 350; as vans, R$ 150. Em Flexeiras, há chuveiros e outras dependências para os visitantes. A idéia é ampliar a estrutura e construir também uma quadra de esportes. Em Aruã, há até acomodações para os motoristas dos ônibus tirarem uma soneca.
Em Ubatuba, também há um terminal em Perequê-Açu, com sanitários, chuveiros com água quente, guarda-volumes e local para descanso coberto. Ônibus pagam R$ 300. O diretor-presidente da Companhia Municipal de Turismo (Comtur), Enos José Arneiro, não vê, no entanto, preconceito. “O ônibus precisa parar aqui porque não há outra forma de disciplinar o trânsito. Não é discriminação”, diz, apesar de os turistas de um dia ficarem longe de praias como a da Almada e do Tenório. “A Praia do Perequê-Açu é uma das melhores da cidade”, defende.
Em Santos e na Praia Grande, ônibus que não estejam seguindo para alguma pousada predeterminada nem entram no município. Em Santos, fiscais ficam de prontidão na saída do Sistema Anchieta-Imigrantes para impedir que burlem a lei. Nas duas cidades, o ônibus que for flagrado circulando sem autorização paga multa, é apreendido e levado para o pátio. No Guarujá, um novo decreto, deste ano, taxa em R$ 800 os ônibus com turistas de um dia sem reserva em algum estabelecimento da cidade.
FONTE: G1
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