Choró
> “Nesta terra, em se plantando, tudo dá”, a celebre frase na
carta de Pero Vaz de Caminha escrita ao rei Dom Manuel, de Portugal, quando
chegou ao Brasil, acaba de ressuscitar num cemitério público de uma pequena
cidade do Interior do Ceará, Choró, situada a 180Km da capital cearense. O
motivo, uma parte da área do campo fúnebre foi transformada em horta.
Aproveitando as horas vagas, o coveiro arou a terra e plantou milho, feijão e
melancia.
A colheita ia ser iniciada agora no fim de junho, mas alguns
curiosos começaram a bisbilhotar no cemitério e preocupado com a possibilidade
de perder o emprego o coveiro resolveu arrancar as plantações de grãos. No
local, além das covas e cruzes, restaram apenas algumas melancias. “A judiação
seria até maior do que o que fazem aqui com os mortos quando a gente não está
vigiando”, desabafou o servidor público. Ele se referia a violação dos túmulos
para realização de rituais de magia negra. Afirmou ainda que outros colegas já
plantavam por ali, um deles inclusive
sustentava a família com o que colhia no canto santo.

No caso das melancias, como estão amadurecendo, com mais alguns
dias já estão no ponto de colheita para levar a mesa. O coveiro, o qual teve
seu nome preservado para evitar deboches e hostilidades, pretende saborear as
melancias com sua família. Para ele, os mortos não vão reclamar, até porque
cuida do cemitério com muito carinho e zelo. Tudo está sempre limpinho. Ele
havia resolvido cuidar da horta dentro do cemitério porque acreditava que não
seria importunado. Pelo jeito foi pior.
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