Canindé
As consequências do
enfrentamento da pior seca dos últimos 50 anos, no Ceará, tem dado muita dor de
cabeça para a população. Pelo quarto ano consecutivo não chove no Estado e de
acordo com a Fundação Cearense de Recursos Hídricos (Funceme), a previsão
é que a estiagem se estenda pelos próximos meses.
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De acordo com a Secretaria de Agricultura do município, na zona rural onde existe mais de 500
comunidades, a situação é bem mais grave e faltam alternativas para
armazenamento do recurso. Medidas como a instalação de cisternas de polietileno
para captação de água da chuva e que fazem parte do programa federal “Água Para
Todos”, está fazendo falta para estes moradores.
“A gente tem que cavar cacimba para armazenar uma água que
nem serve para beber e nem os bichos querem. Agora que está caindo essa chuva,
a gente tenta pegar o que pode, mas não dá pra todo mundo. Aqui em casa a gente
já ficou com uma garrafa d’água para três pessoas. O jeito é entregar a Deus”,
conta a dona de casa Mardênia da Silva, 38, moradora de Madeira Cortada,
comunidade rural onde vivem mais de 100 famílias.
Até dezembro do ano passado mais de 34 mil cisternas foram
instaladas no Estado, mas segundo o coordenador do Fórum dos Assentados e
Agricultores de Canindé, Júnior Mourão, este número é insuficiente e não atende
a demanda das famílias que sobrevivem nas comunidades mais difusas. “Só aqui
temos mais de quatro mil famílias cadastradas para receber esta cisterna e até
agora nada. A água cai do céu, mas o povo não pode juntar. Até se for comprar
carro pipa, a gente não tem onde armazenar a água”, disse.
Enquanto a ajuda não vem, os moradores
ainda têm fé que as coisas melhorem e estão apelando para São Francisco, o
padroeiro da cidade. “Um sonho que eu
tenho é de ganhar essa cisterna. Aqui são cinco casas que sobrevivem com água
de doação, porque não temos dinheiro para comprar. Já perdi todos os animais
que eu tinha por causa dessa seca. É muito sofrimento, o jeito é se virar como
pode”, lamenta a agricultora Luciana Soares, 49, que vive com os três filhos,
na comunidade da Boa Vista, também na zona rural do município.
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